- Área: 340 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Pedro Caetano + Rafael Bridi
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Fabricantes: CONCRETO USINADO, Esquadrias de alumínio, Estrutura Metálica, IMPERMEABILIZAÇÃO, SISTEMA FOTOVOLTAICO
Descrição enviada pela equipe de projeto. A região do Cacupé, em Florianópolis, se desenvolve num modelo típico de subúrbio residencial de baixa densidade, com condomínios unifamiliares ocupando uma faixa de terreno íngreme entre o mar e as montanhas.
A paisagem, até pouco tempo atrás caracterizada pelas “casas de chácara” em meio ao verde se opondo aos barracões de pesca junto ao mar, vai se transformando pela urbanização, que concentra a ocupação junto à estrada de acesso, nas áreas mais densamente construídas dos condomínios, que relegam às cotas mais altas as áreas verdes obrigatórias.
Subindo as encostas, os trechos iniciais de muitos condomínios formam um conjunto quase contínuo de construções, em ruas áridas, com ocupação máxima dos terrenos e recuos mínimos entre as casas. Na corrida pela melhor vista para a baía, as casas vão encobrindo umas às outras, restringindo um dos maiores valores daquela implantação.
Neste projeto, partimos de dois desejos particulares e de uma visão diferente de cidade.
O primeiro desejo, resgatar a vista deslumbrante que levou à compra do terreno, limitada pela construção da casa vizinha.
O segundo, aplicar conceitos do habitar contemporâneo, numa casa concisa e de ambientes integrados, utilizando técnicas de projeto e tecnologias aplicadas para uma casa energeticamente eficiente e confortável.
A visão diferente de cidade, fugindo do conceito predominante de ocupação máxima, levaria a preservar dentro do lote parte da natureza, no mais relegada às áreas de preservação.
Um gesto que explicita o nosso desejo por uma melhor relação entre arquitetura e natureza.
A implantação por si, já alcançou alguns dos objetivos.
A casa suspensa preserva o perfil original do terreno, deixando grande parte livre como jardim. Permite enxergar toda a baía norte da Ilha de Santa Catarina, desde as ilhas de Ratones - na saída da baía - até a ponte Hercílio Luz, no centro da cidade.
O projeto preservou ao máximo o terreno natural, com uma ocupação mínima.
O subsolo é a conexão da casa com a rua, por onde se fazem os acessos.
Subtraída a menor área possível para cumprir o programa, o restante do terreno preservou sua configuração natural.
Utilizamos uma geometria orgânica e a materialidade do concreto rústico nas interferências com a topografia original do terreno.
Aproveitando o vão até o térreo levemente suspenso, um rasgo contínuo junto ao teto da garagem garante a ventilação natural permanente.
O térreo é uma grande varanda, coberta e descoberta, fechada e aberta. Permite contemplar o jardim e garante também o acesso aos seus diversos níveis, através de patamares, terraços, escadas e taludes.
Respeita a topografia original e pedras existentes no terreno mesmo no perímetro da construção, aumentando a sensação de integração entre área construída e jardim.
O volume expressivo, em madeira, é a única área fechada, abrigando um par de suítes.
O térreo é todo o jardim. Jardim aberto e permeável à vizinhança.
A casa mesmo é o salão suspenso 4 metros acima do terreno.
Uma grande janela para a vista da baía. A natureza faz parte da casa, o tempo todo.
Uma planta livre que permite ao casal aproveitar todas as vantagens de um "ninho vazio", sem restrições de privacidade.
Neste salão quarto sala e cozinha compartilham um espaço único. Os espaços de serviço - banheiros, closet, lavanderia, despensa - ocupam a face leste. Estes espaços têm luz e ventilação natural através dos "sheds", voltados ao norte.
Na fachada oeste, um conjunto de telas solares retráteis sombreia a casa nos horários mais quentes, sem perda da visão para a baía ou da ventilação natural.
Na fachada leste, um conjunto de rasgos verticais garante um visual dos morros verdes e garante ventilação cruzada, aproveitando a direção dos ventos predominantes.
Na cobertura, painéis fotovoltaicos sombreiam grande parte da cobertura e produzem até 80% da energia elétrica consumida pela casa, compartilhada com a rede através de um medidor bidirecional.
Coletores solares abastecem o sistema de aquecimento de água.
A laje plana capta água pluvial, que é filtrada e estocada na cisterna no subsolo. Lá é tratada com ozônio e utilizada intensamente em diversos pontos de consumo pela casa.
A casa é sustentável e eficiente. Utilizamos estratégias bioclimáticas para obter conforto ambiental e introduzimos novas tecnologias de captação e reuso de recursos naturais.